É sabido que todos os pais sonham que os filhos cumpram aquilo que eles nunca conseguiram pois, na verdade, ser pai, não é simplesmente um ato altruísta mas sim de egoísmo, humano. Todos queremos deixar o nosso rasto, mesmo que achemos que esta sociedade está do avesso.

A influência parental nas atividades desportivas dos filhos é um assunto que tem merecido vários estudos sobre o tema, chegando à conclusão que a ideia de que o desenvolvimento das capacidades desportivas dos atletas tem uma relação com as várias dimensões do sistema familiar em que estão inseridos. Aliás, muitas vezes, são os próprios pais que influenciam os filhos e os introduzem em contextos desportivos organizados, sendo isto uma das principais formas das crianças e os jovens chegarem aos clubes e coletividades.

Alguns dos resultados dos estudos indicam a ideia de que os pais podem promover efeitos positivos em diferentes domínios do desenvolvimento dos filhos, como, por exemplo, na autoestima, na perceção de competência, nos sentimentos de realização, na autoeficácia, na sensação de prazer e diversão na prática desportiva, na orientação motivacional positiva frente ao desporto. No entanto, os pais também podem ser transportadores de aspetos menos positivos, como o stress competitivo, a obcessão competitiva, a indisciplina desportiva e muitos outros aspetos negativos.

Na verdade, os pais detêm um grande poder de influência sobre os filhos e isso pode ser usado de forma positiva ou negativa. Outro aspeto interessante é que o envolvimento dos pais no desporto tende a aumentar quando os filhos apresentam potencialidades acima do habitual ou progridem para níveis de rendimento superiores, tornando-se peritos nas respetivas modalidades. Levando a que os pais se tornem dirigentes, diretores das equipas e dos clubes.

Na maioria das vezes isso é causador de desacatos e de conflitos no seio das equipas. Deixando os treinadores e os próprios atletas numa posição desconfortável e muitas vezes proporcionando desavenças familiares. Quando o dirigente, pai, toma uma posição de influência parental, para que o filho possa ter uma posição de maior destaque na equipa do que aquela que realmente merece, começam os problemas de gestão comportamental. Os pais podem ser diretores/dirigentes, mas devem exercer simplesmente o papel para que estão nomeados, esquecendo as ligações afetivas.

Ricardo Cardoso – Psicólogo