Yan Victor Silva Paixão. Este nome pode (ainda) ser desconhecido no futebol português, mas trata-se da personagem principal de uma história que tem Salvador da Bahia como ponto de partida e a Marinha Grande como destino. Aos 20 anos, o brasileiro fez jus ao apelido e, face à paixão pelo desporto rei, mudou-se de armas e bagagens para Portugal, em busca de um dia seguir as pisadas do seu ídolo. Mas já lá vamos…
Formado no Bahia, o central iniciou o seu percurso sénior no São José, das divisões secundárias do Brasil, até ao dia em que o telefone tocou. Do outro lado, chegou uma proposta do Gil Vicente, que Yan Victor não hesitou em aceitar. “Fiquei muito feliz quando soube da notícia. Tratava-se de um clube com história em Portugal, num futebol que consagrou muitos jogadores brasileiros, e decidi logo que queria vir. Falei com alguns amigos, como o Bruno Paulista, que estava no Sporting, ele deu-me muito boas referências do país, do vida cá e do próprio futebol e isso só confirmou a minha decisão”, conta o jogador, hoje com 22 anos, a Record, recordando os primeiros tempos: “Há muita gente que diz que o futebol português é parecido com o brasileiro. Eu discordo totalmente! Os portugueses, tal como todos os europeus, trabalham muito mais o aspeto táctico e o jogo é muito mais rápido. No Brasil, joga-se mais à base do improviso, da capacidade técnico… É muito diferente. No início, senti algumas dificuldades, mas acabei por habituar-me.”
Em Barcelos, na última época, disputou 10 jogos e apontou um golo sob o comando de Álvaro Magalhães, na Segunda Liga. Com o objetivo de jogar com maior regularidade, o defesa rumou no verão ao Marinhense, da série C do Campeonato de Portugal, e, para já, não poderia estar mais satisfeito com aquele que considera ter sido “um passo atrás para depois dar dois em frente”. “É um clube muito bem estruturado, com filosofia profissional, oferece aos jogadores todas as condições e confesso que quando cheguei me surpreendeu imenso. Tanto o presidente Mário Fernandes, como o vice-presidente, como o treinador, estão unidos em torno do objetivo de fazer crescer cada vez mais o clube e acredito, sinceramente, que em breve, em quatro ou cinco anos, o Marinhense pode estar nos escalões profissionais”, referiu, acrescentando: “Quando se trabalha com seriedade, compromisso e, claro, humildade, o sucesso está mais perto. Acredito que vamos conseguir fazer história. Vamos trabalhar para isso!”

Pés assentes na terra
Atualmente, Yan Victor é um dos pilares da equipa de Pedro Solá, que ocupa 8.º lugar, da série C, com 13 pontos, depois de na última ronda ter vencido o Oleiros, em casa, por 1-0. “A U. Leiria é a favorita ao primeiro lugar, mas acreditamos em nós e queremos surpreender. Individualmente a época tem corrido muito bem, estou feliz, e espero terminar ainda melhor”, sublinhou, admitindo: “Penso treino a treino, jogo a jogo, mas claro que tenho o objetivo de chegar à Primeira Liga e, quem sabe, jogar na Liga dos Campeões. Seria um sonho realizado!”

Fábio Aguiar – Record