A tal magia da Taça faz com que clubes de divisões secundárias surpreendam. Mais do que isso. A tal magia da prova rainha do futebol português faz com que desconhecidos passem a ser… heróis. É o caso de Pedro Emanuel. Aos 36 anos, o professor de educação física viveu, ontem, um dia especial. “Muitas mensagens, telefonemas, entrevistas. É muito bom”, reconhece. Mas não foi só. Por culpa do desporto-rei e dos dois golos, o dia profissional foi bem agitado. “Sou professor de educação física do 1º ciclo. Alguns miúdos perguntaram-me, porque diziam que me tinham visto na televisão. Jogo futebol com eles, nos intervalos. Eles ficam muito felizes. É muito bonito”, conta sorridente.
Pedro Emanuel é o grande herói do Caldas. Fez dois golos frente ao Farense e colocou a sua equipa nas meias-finais. “Quando o árbitro apita pensa-se em muita coisa, passam muitas imagens pela cabeça. Foi um feito incrível. Confesso que quando sofremos o primeiro golo, eu acreditei que era possível. Mas quando sofremos o 2-1, pensei que iria ser mesmo muito complicado, porque as coisas não estavam a bater certo. Felizmente surgiu o empate e depois no prolongamento, com a expulsão, voltei a acreditar 100 por cento. Surgiu o 3-2 e o apito final e foi a explosão de alegria. Sempre tive como imagem de marca a pressão que faço nos defesas. Nunca os deixo jogar à vontade. Sou um avançado que trabalha sempre muito. Há uns anos deixei de fazer tantos golos, como fazia antes. Considero que tenho alguma capacidade, com qualidade. Sou suspeito para falar, mas é o que sinto”, afirmou Pedro Emanuel.
Agora, ultrapassada a euforia da conquista histórica, o Caldas já prepara a deslocação ao terreno do Coruchense. “Os pés já estão na terra, até porque já temos um jogo importantíssimo no domingo. A nossa classificação no campeonato não transmite a nossa qualidade. Jogo no sintético complicado, com um adversário difícil, mas ao qual queremos ganhar. Temos uma segunda volta pela frente e queremos ficar nos primeiros lugares”, garantiu.
Com uma linda história para mais tarde contar, “o velhote”, como é apelidado pelos colegas no balneário, respondeu com golos históricos à provocação dos companheiros que, no Natal, lhe ofereceram “uma bengala”.

Autor: André Ferreira – Record
Foto: Carlos Barroso – Record