Foi um dos jogadores mais prodigiosos a pisar os relvados do distrito, contudo as amarguras do futebol fizeram-no afastar-se desse mundo e abraçar de alma e coração o kickboxing/K1. Uma paixão recente, mas que veio para ficar.

Falamos de Dário Marquês, um dos jogadores mais reputados do futebol distrital em Leiria e que dividiu a sua formação entre o Sporting CP, o NS Rio Maior e a UD Leiria.

Como sénior, envergou as camisolas do GC Alcobaça, do Caldas SC, da UD Leiria, do Alcanenense e do clube da sua terra, o Beneditense. Apesar de todas estas experiências, nunca conseguiu cumprir o sonho de sempre: ser profissional de futebol.

Foi numa altura em que o futebol já não despertava a mesma paixão de sempre que Dário Marquês foi abordado – há um ano e meio – por um ‘mestre’ para experimentar o kickboxing. Fê-lo na Escola Kickboxing Fernando Paulo, instituição que tem sede na Nazaré, contando ainda com mais três escolas, duas em Leiria e uma na Benedita, e desde aí que nunca mais parou ao ponto de ter que deixar de lado o futebol.

“Não vou jogar mais. Coloquei um ponto final no futebol porque não está a ser compatível com o kickboxing”, disse o atleta que completou recentemente 27 anos e que fez o seu último jogo de futebol no passado dia 13 de Janeiro, numa partida entre o ‘seu’ Beneditense e o Alqueidão da Serra, despedindo-se então dos relvados com uma vitória por 4-2. Apesar de ter pendurado as chuteiras de futebol, Dário Marquês não fecha totalmente as portas a um possível regresso, mas a verdade é que as suas atenções estão agora inteiramente dedicadas às artes marciais.

E tudo o kickboxing mudou

“Nunca tinha visto isto [kickboxing] na minha vida e agora está a tomar proporções que não poderia imaginar”, contou Dário Marquês, orgulhoso do seu trajecto na modalidade. É que em apenas um ano e meio tornou-se campeão regional (-74 kg), ficou em terceiro lugar no campeonato nacional e venceu ainda um torneio em Espanha de ‘low kick’. Uma ascensão meteórica que faz com que ‘chova’ convites para participar em diversas galas.

Ainda assim, Dário Marquês é apenas um lutador amador e não lhe passa pela cabeça ser profissional. “Não penso nisso. O objectivo é levar as coisas treino a treino e combate a combate”, disse.

Mas afinal o que mudou na vida de Dário Marquês? A resposta é simples: tudo! “Dantes saía à noite, não tinha grandes cuidados, mas agora abdico de muita coisa”, disse, dando como exemplos as horas de descanso e a alimentação cuidada como factores principais de mudança. Acima de tudo, o jovem de 27 anos apaixonou-se por uma modalidade em que as palavras de ordem são “respeito, rigor e disciplina”, sendo igualmente um desporto em que impera o “fair-play”.

Os primeiros tempos no kickboxing não foram fáceis para Dário Marques. Aos primeiros murros e pontapés encaixados tudo se equaciona. “O corpo não foi feito para levar pancada e passa-nos tudo pela cabeça. Contudo, comecei a pensar que, se apanhava, é porque tinha que aprender mais, aprender a defender-me”, contou.

Assim, o futuro na modalidade está em aberto para Dário Marquês que tem vários projectos para realizar a curto prazo. Desde logo com a participação no dia 26 de Fevereiro no Irish Open, na Irlanda, num dos maiores torneios do mundo de kickboxing, passando pelo campeonato regional (Março), um torneio na Madeira (Abril) e na República Checa (Outubro). Pelo meio, em Maio, o jovem da Benedita vai à Tailândia experimentar e treinar Muay Thai. Todo um mundo novo para quem pendurou as chuteiras para calçar as luvas.

Texto: José Roque – Diário de Leiria