Depois de uma época de estreia atribulada, Leandro Santos acredita que em 2019/2020 o Ginásio pode brilhar na Lizsport Divisão de Honra. O REGIÃO DE CISTER esteve à conversa com o técnico e, além da nova temporada, abordou também o que correu menos bem na época passada, em que o clube registou a pior carreira de sempre no escalão principal da AF Leiria.


REGIÃO DE CISTER (RC): Que balanço faz da primeira época como treinador principal do Ginásio?
LEANDRO SANTOS (LS): O balanço não foi positivo. Batemos vários recordes negativos, como foi diversas vezes lembrado pela imprensa. Num clube como o Ginásio é mais do que razão para a época não ter sido boa independentemente de como foi preparada.

RC: A que se deveu esse registo?
LS: É preciso perceber que foi feito um plantel praticamente novo. Da época anterior ficaram cinco jogadores, dos quais três não eram primeiras escolhas. Foi preciso contratar 17 jogadores, dos quais três eram ex-juniores e dos outros 14 alguns não jogavam há duas ou três épocas. Alguns não eram titulares nos clubes de onde vinham e até houve um jogador que veio dos veteranos para ajudar. Aliado a estas alterações houve também alguma inexperiência, a adaptação a novas rotinas e métodos de trabalho diferentes.

RC: O 9.º lugar representou o que foi o campeonato?
LS: O 9.º lugar foi o lugar possível numa época atípica em que a determinada altura se pensou que poderíamos lutar pelos seis primeiros lugares da tabela, e noutra em que se temeu cair para a zona de despromoção. Com um bocadinho mais de experiência em determinados momentos, um pouco de sorte e compromisso de todos, podíamos ter ficado uns lugares mais acima na tabela classificativa.

RC: Foi também consequência da redução do orçamento a que o clube esteve sujeito?
LS: A política da Direção passou pela redução orçamental bem como por tentar formar um plantel maioritariamente de Alcobaça e de jogadores formados no clube, situação que aceitei, mesmo sabendo dos riscos. O presidente Hélder Nunes pediu-me para tentar ficar no meio da tabela e que criasse um grupo alegre, com bom balneário.

RC: A equipa esteve 11 jogos sem vencer. O que é que aconteceu?
LS: Em momentos cruciais ficámos privados de jogadores importantes devido a lesão. A época é longa e há quebras de forma, o que, num plantel curto e com algumas lacunas em determinados setores, vem criar muitos problemas. Faltou alguma experiência e sorte. Nessa série houve algumas derrotas e empates que foram grandes injustiças e que só por mero azar não conseguimos a vitória.

RC: Mas conseguiram terminar o campeonato com três vitórias consecutivas…
LS: Tínhamos um grupo unido, com bom ambiente e companheirismo, e essa união ajudou a equipa a dar a volta à situação. A prova que às vezes bastava a bola querer entrar e mudar a história de um jogo aconteceu na partida com o Ansião, em que ao intervalo perdíamos por 0-3 e fomos ganhar o jogo na 2.ª parte por 5-3.

RC: Numa entrevista ao REGIÃO DE CISTER disse que era um ano de mudança e que queria criar uma equipa para no futuro ganhar títulos. O “futuro” pode passar ganhar títulos na próxima temporada?
LS: Títulos não prometo. Prometo um grupo forte, ambicioso, e a entrar em todos os campos com uma grande ambição de ganhar, aliando um bom futebol e dignificando o clube.
RC: Na entrevista que concedeu ao jornal referiu também a aposta da formação do clube. Na próxima temporada, quantos jogadores da formação vão integrar a equipa sénior?
LS: Do escalão de juniores não irá subir ninguém. Houve alguns problemas com a equipa na temporada passada, que infelizmente acabou a época com uma equipa formada em grande parte por atletas juvenis a jogar pelos juniores. No entanto, no plantel que terminou a participação na 2.ª Divisão nacional de juniores, havia pelo menos dois jogadores que pretendíamos que integrassem a equipa sénior esta temporada, mas por motivos pessoais não o vão fazer. Vamos então apostar no regresso de jogadores que foram formados no clube.

RC: Acredita que no clube a formação tem qualidade para formar os futuros jogadores da equipa sénior?
LS: Sim acredito que tem qualidade para formar os futuros jogadores da equipa principal. A época passada ficámos com três jogadores dos juniores (Tomás Santos, Guilherme Sousa e João Pimentel), dos quais dois foram titulares nos seniores logo no primeiro ano. Este ano infelizmente não ficará nenhum ex-júnior, mas acredito que na próxima época haverá  alguns jogadores que poderão integrar a equipa principal, visto que quando ainda faziam parte do escalão de juvenis também já estavam a participar no campeonato nacional de juniores. Mas para isso é preciso que também existam infraestruturas para que os técnicos possam trabalhar melhor as suas equipas. Jovens a querer praticar futebol há muitos, basta ir durante a semana ao estádio Municipal.

RC: O que quer dizer quando fala em infraestruturas?
LS: Falo na criação de mais um campo de futebol, nem que seja um campo de futebol 7.

RC: Voltando ao plantel principal. Até à data apenas são conhecidas contratações de jogadores provenientes do Maceirinha, clube que confirmou a descida à 1.ª Divisão distrital…
LS: O facto de contratar jogadores a uma equipa que desceu de divisão não quer dizer que não exista qualidade. O clube contrata os jogadores que pode, mas também jogadores que mostrem querer representar o clube dentro daquilo que pretendemos. Posso afirmar que já contactámos diversos jogadores que não aceitaram. O presidente estabeleceu um teto salarial por forma a cumprir com todos portanto não iremos entrar em loucuras. Até porque queremos respeitar os elementos que estão há mais tempo no clube e que aceitam as condições oferecidas.

RC: Quais são os objetivos definidos para atacar a próxima temporada? O regresso aos nacionais é um deles?
LS: Os objetivos são ter uma equipa a praticar bom futebol, procurando, domingo após domingo, ir tentando vencer os adversários que temos pela frente. No fim fazemos as contas e esperamos que essas sejam melhores do que na época passada.

Rafael Raimundo – Jornal Região de Cister