‘Jovem promessa’. Um termo muito utilizado no jargão futebolístico de hoje em dia, que designa um jogador de idade inversamente proporcional ao talento que apresenta. Mas onde começa e acaba este termo? Quais devem ser os seus limites para que ainda faça sentido? Ou, por outras palavras, será que um menino de oito anos pode ser considerado uma ‘jovem promessa’?Efectivamente, é apenas na adolescência que, normalmente, se começa a falar em jovens talentos. Antes, o futebol é apenas mais um hobby, paralelo à natação, aos escuteiros ou aos clubes de computadores. Ninguém pensa numa carreira profissionalizante para meninos de sete, oito ou dez anos, e a actividade desportiva assume-se como um elemento importante da etapa formativa das crianças, mas pouco mais do que isso. Os próprios clubes ‘grandes’ fazem questão de apenas contratar ‘a tempo inteiro’ crianças acima dos doze anos, sendo que os meninos mais novos ficam a treinar nos seus clubes, envergando a camisola do Sporting, Benfica ou Porto apenas para os jogos aos fins-de-semana.Ainda assim, surgem por vezes casos de talento precoce que não passam despercebidos; basta falarmos em Bruno Silva ou Rhain Davies para termos alguns exemplos. Nesse contexto, fomos hoje ‘descobrir’ um jovem médio de oito anos, que milita actualmente no Sport Clube Leiria e Marrazes, mas que já atraiu a atenção do Sporting e do Benfica. Pela boca do seu pai, Hélder Romana, eis Hugo Romana, também conhecido como ‘Costa’.
Rui é o ídolo
O pai do jogador começa por nos explicar o porquê da alcunha do filho, cujo nome completo é Hugo Samuel Pinto Romana. “O ‘Costa’ é por causa do Rui Costa, ele adoptou o nome do Rui Costa”, clarifica o nosso interlocutor. No fundo, uma situação semelhante à de Nuno Gomes, cujo último nome deriva do ídolo, Fernando Gomes.De facto, Rui Costa é o ídolo máximo deste menino de oito anos de Marrazes. Tanto assim que a posição adoptada por Hugo foi a mesma do actual director desportivo do Benfica. “Ele é médio centro”, confirma-nos o pai do jogador.Este jovem, que já joga desde os seis anos, sempre acima de escalão, vai este ano começar a jogar futebol de sete, visto que, como explica o pai, “a associação de Leiria trabalha em futebol de cinco até aos oito anos. Por isso este ano vai ser o primeiro que ele vai ter de futebol de sete”, conclui Hélder Romana.Ainda assim, esta não é a primeira experiência do pequeno Hugo com o futebol dos ‘mais crescidos’. “Ele já participou na Copa Foot 21, que se realizou no Algarve, no Verão, e já esteve lá a jogar futebol de sete”, diz o pai do jogador. Esta sim, “foi a primeira experiência dele com futebol de sete”.
No ‘radar’ dos grandes
E pode-se dizer que foi, desde logo, um início positivo. O jovem, novamente a jogar acima de escalão, realizou excelentes exibições, captando a atenção dos dois ‘grandes’ de Lisboa. No entanto, não se tratou de um qualquer caso de talento descoberto por acaso: Hugo ‘Costa’ já era um velho conhecido dos responsáveis da formação de Sporting e Benfica. De facto, e segundo explica o pai, “aos seis anos, ele foi chamado ao Benfica pelo Sr. Bruno Maruta”.Na altura, jogava no escalão ‘Bambis’ (pré-escolas) do Sport Leiria e Marrazes, com meninos um ano mais velhos. “Ele foi, há dois anos, inserido numa equipa com meninos de 1999”, explica Hélder Romana. Mesmo assim, o jovem não se assustou, e partiu para uma boa época, a qual viria a atrair a atenção do responsável do Benfica. Seguir-se-ia um primeiro período de testes no Benfica, no qual Hugo agradaria ao ponto de, em 2007, ser “chamado outra vez ao Benfica, pela segunda vez, e pela primeira vez ao Sporting”, como relembra Hélder Romana.De facto, o ‘eterno rival’ dos encarnados da Luz também estava atento ao talento leiriense, e dentro em breve lá estava Hugo de leão ao peito, a fazer testes no Sporting.No entanto, nenhum destes períodos de provas se revelaria conclusivo, como explica Hélder Romana. “Derivado da distância, eles não queriam tomar nenhuma decisão, também para não o obrigar a fazer estes quilómetros todos até Lisboa”, explica. Quanto ao Benfica, “ainda não disse nada, mas a informação que eu tive é que queriam que ele fosse lá agora, prestar provas outra vez”, conclui. No que toca à hipótese, normalmente utilizada, de Hugo continuar a treinar no Marrazes e ir apenas jogar a Lisboa, ao fim-de-semana, o pai do jogador refere que os dois clubes “ainda não puseram essa hipótese”.Assim, com ambas as propostas de transferência ‘em águas de bacalhau’, o jovem regressava ao seu clube, e participava na Copa Foot 21, “na qual foi observado pelos olheiros que estavam lá em baixo, no torneio, e não por estes que estavam aqui em Leiria”. As prestações do jovem foram suficientes para o manter dentro do ‘radar’ leonino, “e, já este ano, realizou um estágio de três dias em Alvalade, no Estádio Universitário”, segundo nos informa o pai do pequeno jogador. Sinal inequívoco de que os principais emblemas lisboetas continuam atentos a este ‘pequeno grande talento’…
Jogador de equipa
Para falar das características do filho dentro de campo, Hélder Romana começa por recorrer às palavras daqueles, mais entendidos, que o observaram no Sporting e no Benfica. “O que nos disseram foi que gostavam muito do menino, que ele tinha uma inteligência enorme para a posição, que está muito avançado para a idade que tem”, explica. “Há muitos meninos que querem mais é correr com a bola!”, refere. “Ele pensa mais o jogo, faz jogar os colegas, e é aí que ele tem o interesse dele”.Em seguida, acrescenta alguns pontos adicionais que, na sua opinião, o filho possui. “É um jogador de equipa, que faz jogar a equipa. Faz lembrar o Rui Costa, daí o ‘nome’ dele”, diz. O nosso entrevistado acha a posição de médio-centro “muito exigente”, mas considera que o filho a desempenha na perfeição. “Ele joga como um ‘dez’!”, diz. “Está lá, faz jogar, vem da defesa ao ataque a acompanhar os colegas, e às vezes finaliza bem, aparece a finalizar também. Mas é um jogador mais de equipa, de abrir o jogo, para a direita, para a esquerda, jogar com a bola a rolar atrás”, conclui.No entanto, existe um aspecto que, na óptica de Hélder Romana, o filho ainda tem que trabalhar. “Acho que lhe falta trabalhar a velocidade”, diz o pai do jogador. “Não é que não seja rápido a executar, mas não é um jogador rápido, de velocidade, de pôr a bola a correr e correr ‘desalmadamente’, como costumo ver em crianças, em jogadores bons. Falta-lhe, eventualmente, aquele arranque. É o único ‘defeito’, a única coisa que lhe falta”, conclui o nosso interlocutor.E, apesar de o filho ter apenas oito anos, Hélder Romana não se revela incomodado com o interesse dos grande emblemas. O nosso entrevistado pensa que a aptidão para determinada actividade “é uma coisa que nasce com as crianças” e declara-se “satisfeito por ele estar a ter experiências novas: ir lá, estar com pessoas diferentes, meninos diferentes”. O pai do pequeno Hugo declara-se, também, disposto a “fazer tudo o que estiver ao meu alcance” para ajudar o filho na sua carreira. “Se for esse o sonho dele, jogar futebol, não sou eu que vou impedir!”, diz. “Fico satisfeito, claro que fico satisfeito!”, declara.
Dia-a-dia com a bola
E ser jogador de futebol deve mesmo ser o futuro projecto de carreira de Hugo ‘Costa’. Isto porque, como explica o pai, “ele acorda com o futebol, toma o pequeno-almoço com o futebol, almoça futebol, lancha futebol, janta futebol, e vai para a cama a pensar em futebol! (risos) Acho que vive com o futebol! Nós cá em casa somos todos um bocadinho assim”, revela, acrescentando que o irmão de Hugo, David, de cinco anos e também jogador do Leiria e Marrazes, onde é guarda-redes das pré-escolas, “vai pelo mesmo caminho”.O ídolo, já se sabe, é Rui Costa; quanto ao clube, por influência familiar, é o Benfica, “ainda que ele tenha ficado louco neste estágio que fez no Sporting”, segundo nos confidencia o pai. “Ficou muito satisfeito, e agora quando lhe perguntamos de que clube é que ele é, ele fica ali um bocadinho a pensar! (risos)”.Ainda assim, e mesmo que os ‘pontapés na bola’ sejam o futuro, este jovem não esquece a escola, que aliás aprecia bastante. Frequenta o terceiro ano do primeiro ciclo, onde “é muito bom aluno”, e tem como disciplinas favoritas “o Português e a Matemática”. Nos tempos livres, ele e o irmão gostam de “jogar PlayStation e ver televisão”, como todos os meninos da sua idade, mas concentram a sua atenção sobretudo no futebol, como nos diz o pai. “Em casa, como tenho quintal, sempre que ele e o irmão têm algum tempo, jogam futebol!”, conta Hélder Romana.E esta ‘paixão’ pelo futebol até já levou a uma história algo caricata, que o nosso interlocutor nos relata. “Há dois anos, no primeiro ano em que ele começou a jogar futebol, partiu o braço, na escola. Mas o ‘bichinho’ do futebol era tanto que ele foi ver um jogo com os colegas, e houve um penalty a favor da equipa dele, e como ele ia equipado ver o jogo, o treinador pô-lo a marcar o penalty com o braço partido! (risos) E ele marcou o penalty, e fez golo, com o braço partido! (risos)” Um acontecimento que descreve bem a relação deste petiz com a bola. E ainda que seja muito cedo para vaticinar uma grande carreira a Hugo ‘Costa’, a paixão que este jovem e o irmão nutrem pelo futebol faz-nos desejar que consigam prosseguir o seu, muitas vezes difícil, sonho…
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Nome: Hugo Samuel Pinto Romana.
Data de Nascimento: 08/04/2000 (8 anos)
Altura: 1,36m.
Peso: 33kg.
Posição: Médio-centro.
Clube: Sport Clube Leiria e Marrazes
Texto: Pedro Benoliel in http://www.academia-de-talentos.com/