Não há memória de um treinador durar tanto tempo ao serviço do Ginásio de Alcobaça. Cinco anos depois, Gonçalo Raimundo foi dispensado do cargo, mas o jovem técnico não guarda rancor aos dirigentes e prefere destacar o trabalho desenvolvido no clube, sempre ao lado do seu adjunto Horácio.
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Região de Cister – Quebrou um recorde de longevidade no Ginásio. O que sentiu no dia em que foi dispensado?
Gonçalo Raimundo – Tranquilo, como sempre me senti. Sempre dei o máximo pelo clube, sabia que não iria ser eterno, nem me iriam fazer uma estátua, mas estava consciente de que tinha cumprido o meu dever. Se calhar, até fiz mais do que me foi pedido.
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Região de Cister – A derrota na final da Taça pode ter precipitado a saída?
Gonçalo Raimundo – Penso que não, porque pelo que me apercebi esse processo já estava tratado. Não foi o ganhar ou perder a Taça que levou a isto. A única justificação que me deram foi que a minha imagem estava desgastada, mas não sei perante quem.
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Região de Cister – É uma justificação que o convence?
Gonçalo Raimundo – Nada justifica esta decisão. Os números falam por si. Consegui manter o Ginásio duas épocas consecutivas na 3ª Divisão, após duas décadas que isso não aconteceu, tivemos uma descida dramática, na última jornada, e depois duas épocas de bom nível na Honra. De resto, a Direcção transmitiu-me que cumpri o que me foi pedido, mediante as condições que tinhamos. Levo o Ginásio no coração, porque é o meu clube de referência. Muitas vezes as pessoas ligam mais aos últimos cinco anos, em que fui treinador principal, mas recordo que fui campeão distrital da 1ª Divisão de Juniores, subi a equipa de futsal masculino á 1ª Divisão Distrital, mantive a equipa de futsal feminino na Honra, fui a fases finais em sub-13. Não é so o trabalho nos seniores que me faz levar o Ginásio no coração. São muitos dias, muitas horas de dedicação. Da minha parte e do Horácio, que esteve sempre comigo. Tenho de agradecer, obviamente ao Armando Bragança , que foi quem apostou em mim, quando eu era desconhecido.
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Região de Cister – O lançamento de tantos jovens e a constante renovação da equipa sénior também foi uma imagem de marca. Satisfeito com este processo?
Gonçalo Raimundo – Ao longo destes cinco anos, lançámos quase trinta jovens na equipa principal, o que dá uma média de seis jogadores por ano. Obviamente que nem todos os jogadores singraram, mas neste período conseguimos baixar nos últimos anos a média de idades da equipa, lançando esses jovens como valores seguiros não só para o Ginásio, mas sobretudo para o futebol da região.
Joaquim Paulo – Região de Cister