A direcção da UD Leiria quer avançar com a constituição de uma Sociedade Anónima desportiva (SAD) e essa mesma ideia será votada na assembleia-geral extraordinária marcada para o dia 6 de Fevereiro.

Na convocatória pode ler-se que o ponto único da assembleia será “analisar, debater e deliberar quanto à constituição de uma sociedade desportiva, através da personalização jurídica das equipas de futebol, sénior e júnior, do clube”.

Segundo o presidente da UD Leiria, Rui Lisboa, esta era já uma “pretensão antiga”, que visa mostrar aos adeptos e aos investidores “a vontade que a direcção tem em colocar o clube num patamar mais alto no futebol português”.

“É mais uma prova de que queremos seguir este projecto, que queremos continuar a apostar no futebol sénior. É necessário criar uma estrutura profissional para haver outro tipo de responsabilização para não acontecer o que aconteceu este ano em que falhámos a subida”, disse Rui Lisboa, acrescentando que, quando foi eleito, “o clube estava a lutar para não descer” e que agora “luta para subir”.

Recorde-se que a UD Leiria tem apostado forte no regresso ao futebol profissional e para tal é necessário, legalmente, ter uma SAD pelo que o objectivo da direcção é já começar a preparar o futuro. “Na II Liga é necessária uma SAD. Temos a ambição de lá chegar. Ou agora ou daqui a um ano é o que tem de acontecer. Vamos iniciar agora o debate e apresentar o nosso projecto. Se o quiserem votar já, seguramente votaremos. Se não, votaremos noutra assembleia”, frisa Rui Lisboa à agência Lusa.

A pretensão de constituir uma SAD assenta igualmente na necessidade de criar “uma estrutura profissional, um director desportivo e um ‘team manager’ que dê garantias”, sublinha, acreditando que “os sócios mais esclarecidos vão reagir bem” à proposta da direcção. O presidente vai ainda mais longe ao dizer que se o clube já tivesse a trabalhar com uma estrutura 100 por cento profissional, “se calhar, hoje estava a disputar a fase de subida”. “Só pode ter sido isso que falhou, porque não falhámos mais nada. Queremos criar um grupo maduro que gira o futebol sem interferências do exterior”, concluiu.

Recorde-se que a UD Leiria já teve uma SAD, nomeadamente quando militava nos escalões profissionais do futebol português, mas essa sociedade acabou por colapsar por dívidas que rondaram os 16,8 milhões de euros e um património que se resumia a um autocarro e direitos desportivos de alguns jogadores. Um passado negro que Rui Lisboa não quer ver repetido. “Tentamos aprender com os erros do passado. As pessoas envolvidas no clube querem o melhor para a União de Leiria. E vai haver uma grande diferença: o clube será sempre maioritário e não minoritário como no passado. Os sócios terão outro controlo sobre o que for feito”, frisou.

“Não estou agarrado ao lugar”

Em relação às notícias que têm dado conta da intenção de um grupo de sócios pedir eleições antecipadas e do nome de Paulo Sarraipa surgir como possível candidato, Rui Lisboa relativiza e garante não estar agarrado ao cargo de presidente. “Não sei por que as pessoas dão tanta importância ao Paulo Sarraipa. É um sócio como outro qualquer. Mas não estou agarrado ao lugar. Se nas próximas eleições aparecer uma lista credível, eu afasto-me”, disse Rui Lisboa.

Texto: José Roque, com Lusa – Diário de Leiria
Foto: Luis Filipe Coito