A palavra pubalgia tornou-se tão frequente no meio futebolístico que uma dor na região da virilha é imediatamente “diagnosticada” por todos de pubalgia. O diagnóstico de pubalgia passou a ser uma moda no meio desportivo sendo muitas as vezes dados conselhos sem realmente saberem o que ela significa. Pubalgia é empregado na linguagem corrente para designar simplesmente dor na púbis. Contudo, é um vasto terreno que pode cobrir lesões anatómicas variáveis e de gravidade diversa.

A dor pode surgir após, durante ou logo no início do exercício físico. Em geral, a primeira crise surge após um movimento brusco, durante a prática desportiva, e a dor é bastante aguda.

pubalgia

A pubalgia pode ter uma origem traumática ou ser crónica. Relativamente à traumática esta pode acontecer de duas formas: a primeira, em sequência à queda sobre os membros inferiores, as forças de receção ao solo podem ser desiguais, um ramo do púbis pode elevar-se mais do que o outro, levando a uma tensão no púbis com estiramento dos ligamentos pubianos associados; a segunda, por uma mudança repentina de direção provocando uma tensão súbita dos adutores. Esta tensão pode deteriorar os ligamentos ou as inserções musculares que passam pelo púbis.

A pubalgia crónica apresenta uma púbis “vítima” de desequilíbrios musculares sendo este um fator primário. Esta situação é fruto do baixo fortalecimento de cadeias musculares específicas.

No entanto, uma pequena diferença entre o tamanho das pernas também pode favorecer o surgimento de pubalgia. Como o centro de gravidade está próxima do púbis, é comum que o corpo tente compensar transferindo mais peso para uma das pernas. Desta forma, os músculos daquela região não são trabalhados de forma equilibrada, ficando propensa a lesões.

A mesma regra se aplica em pessoas que têm diferenças entre os pés, resultando num apoio ao solo desigual (ex. a planta de um pé mais arqueada que outra).

A pubalgia também pode disfarçar um outro problema: a hérnia inguinal. Ela é formada por parte do intestino delgado, que escapa por uma lesão na parede abdominal, formando uma pequena bolsa. Mas vezes a dor presente é irradiada para a púbis.

Mas no que toca à realização de uma diagnóstico diferencial, teria muito para falar dada a quantidade de situações que podem ser confundidas naquela zona com uma pubalgia (hérnia inguinal, doenças geniturinárias, lesão de grupos musculares que têm uma origem próxima, prostatite, bursites na região da anca, etc.

Para além das características da dor, é importante um exame detalhado da postura corporal do jogador (analisar como um todo). É necessário avaliar o começo da dor (ligação a um momento ou se foi gradual), o comprimento dos membros, o apoio dos pés no solo, os desequilíbrios musculares, a postura em repouso e atividade, entre outros.

Só posteriormente a esta avaliação cuidada é que se pode afirmar ou não se um jogador tem ou não pubalgia. Está na altura de abandonar a regra “chapa 5” de colar um plano de fortalecimento de abdominais no ginásio para os nossos jogadores de futebol realizarem ao longo da época. Cada caso é um caso, e o tratamento que foi aplicado a um pode não ter qualquer efeito sobre outro pelo simples fato da dor ser de causa diferente. Da mesma forma que no trabalho preventivo devem ser analisadas as particularidades de cada jogador e adaptado um plano específico.