Em apenas uma semana, o futsal distrital viveu mais dois episódios de violência com agressões a dois árbitros que foram obrigados a receber assistência hospital. Luciano Gonçalves, dirigente da Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol (APAF) e presidente do Núcleo de Árbitros de Futebol de Porto de Mós (NAFPM), condena os actos de violência e pede “castigos exemplares”.
O primeiro caso decorreu no passado dia 12 de Fevereiro, no jogo entre o Mirense e o Condestável, realizado em Mira de Aire, a contar para a 1.ª divisão distrital – Grupo B, zona Norte, numa altura em que o árbitro Bruno Pinto expulsou um jogador da casa. Um outro atleta do Mirense confrontou o árbitro, vendo também o cartão vermelho, despoletando os actos de agressão que se seguiram, com o atleta a disferir dois murros no árbitro que lhe partiram a cana do nariz. O jogo foi obviamente interrompido, com Bruno Pinto a ser obrigado a receber assistência no hospital de Leiria. Sabe o Diário de Leiria, que o árbitro procedeu posteriormente a uma queixa junto da GNR.
O segundo caso de violência decorreu na passada sexta-feira no confronto entre o ARC Santo António e a Silveirinha Claras a contar para a segunda fase da 1.ª divisão distrital e disputado no pavilhão do Souto da Carpalhosa. Os contornos das agressões não diferem muito do primeiro caso, com o jogador do Santo António, ainda antes de ver o cartão vermelho, a dar um murro no árbitro André Menezes, o que lhe ‘abriu’ o lábio, seguido de um pontapé na barriga. Mais uma vez o jogo teve que ser interrompido, com o árbitro a ser transportado para o hospital, onde recebeu assistência, tendo igualmente apresentado queixa na GNR.
Dois casos em apenas uma semana que estão a gerar uma onda de contestação entre a classe e os responsáveis da arbitragem distrital. “Estas situações deixam-me muito preocupado e se não for resolvido vai abrir um precedente grave. Tem de haver um castigo exemplar a estes jogadores, porque este tipo de situações não só criam um ambiente de insegurança nos árbitros, como impede que haja mais árbitros no distrito, com as consequências que isso tem no nosso futsal”, salientou Luciano Gonçalves, acrescentando que tanto Bruno Pinto como André Menezes “são árbitros do quadro nacional”.
O responsável da APAF adiantou ainda que está agendada para hoje uma reunião com o Conselho de Arbitragem da Associação de Futebol de Leiria, no sentido de encontrar soluções.
“Estes dois jogadores não são dignos de continuarem ligados ao desporto federado. E os clubes também têm que ser responsabilizados, nem que seja no facto de assumirem o policiamento nos seus jogos em casa, por uma questão de exemplo”, sublinhou.
Policiamento em causa
Se as diferenças ente o futebol e o futsal são óbvias, mais se acentuam em relação ao policiamento. Enquanto no futebol os clubes têm de assegurar o policiamento nos jogos no escalão sénior, no futsal não há essa obrigatoriedade, pelo que os actos de violência são mais susceptíveis de acontecer.
“A questão do policiamento foi algo com que me debati não só ao nível do futebol distrital, mas também no futsal distrital. Infelizmente, o tempo está a dar-me razão”, confessou Luciano Gonçalves, que encontra explicações para os actos de violência na pressão a que as pessoas estão sujeitas no seu dia-a-dia: “As pessoas têm problemas na sua vida e o futebol e o futsal acabam por ser um escape, porque é ali que libertam as suas frustrações. Mas depois quem paga é sempre o elo mais fraco, o árbitro, que está praticamente sozinho em campo”.
O presidente do NAF Porto de Mós refere ainda que o constante “ruído” e os “maus exemplos” que se vêem diariamente no futebol nacional “acabam por dar má imagem aos árbitros, condicionando o comportamento dos atletas perante os árbitros”.
Texto: José Roque – Diário de Leiria
Foto: Luis Filipe Coito