Começam a ser uma raridade: campos de futebol pelados com equipas federadas em atividade. Nas competições seniores da Associação de Futebol de Leiria (AF Leiria) apenas dois clubes têm piso de terra batida – Motor Clube, em Monte Redondo, e Grupo Alegre e Unido, na Bajouca – , ambos no concelho de Leiria. Mas até isso vai mudar e jogar no “peladão” será coisa do passado.
Dia 5 de novembro uma nova página vai ser escrita na história do Motor Clube, emblema com mais de 40 anos. O clube vai abrir as propostas, entregues até dia 31 de outubro, em carta fechada, de aquisição das atuais instalações do clube.  A verba resultante da venda do campo de jogos será imediatamente aplicada na construção e implementação de infraestruturas no Complexo Desportivo Maria da Encarnação Alves da Costa e Silva (Dona Mariquinhas) para receber a equipa de futebol.
O novo terreno, com cerca de 33 mil metros quadrados, junto ao Colégio Dr. Luís Pereira da Costa e ao Centro Escolar, foi cedido à junta de freguesia de Monte Redondo em 2011 por um benemérito, Augusto Mota, para fins desportivos, culturais, educativos ou sociais.
Do bolo total, o Motor Clube ficou com 20 mil m2 e tem trabalhado o projeto desde então. As máquinas já estão a limpar a vegetação e a apresentação pública do projeto deverá acontecer no próximo mês de novembro.

Com a ajuda de todos
“O nosso campo é exíguo e, se o Motor Clube quer continuar vivo, tem que ter um projeto sustentável para que daqui a 20 anos possa estar vivo e com mais força ainda”, esclarece João Paulo Santos, presidente da direção do Motor Clube.
Mas a mudança ainda não será para já. O Motor Clube vai continuar a usar o atual recinto desportivo, com uma dimensão de oito mil m2, até ao final desta época e, em 2017/2018, assim espera a direção, estrear o tapete verde artificial.
Celine Gaspar, presidente da Junta de Freguesia, vê com bons olhos o nascimento do novo complexo desportivo que, na sua opinião, vai permitir dar “condições condignas para a prática de futebol” a muitos jovens. “É algo inevitável [ter um sintético]. Hoje em dia, o papel dos clubes está na formação e sem relvado, Monte Redondo tem perdido jovens para outras freguesias”, explica.

Pelado? Não, obrigado
Alguns quilómetros mais ao lado, ainda no concelho de Leiria, fica o outro “sobrevivente”. O Grupo Alegre e Unido, na Bajouca, procura há mais de dez anos dar o salto para o “terreno fofinho”. A falta de verbas e apoios têm dificultado a mudança. “A nossa vontade é começar o quanto antes”, diz o presidente Pedro Pedrosa, que também vê os atletas fugirem para clubes vizinhos como GD Ilha ou AC Carnide. “Já não é fácil arranjar jogadores para jogar no pelado. Ninguém quer”, lamenta. Com instalações num terreno cedido pela Fundação Bissaya Barreto, o clube pretende mudar para terrenos anexos ao atual campo, dos quais é proprietário, e onde está instalada a pista de corta mato. Decorrem atualmente movimentações de terras para preparar o espaço.
“Entregámos o projeto na Câmara, esperamos uma resposta de apoios por parte da Federação Portuguesa de Futebol e vamos arrancar o mais rápido possível”, adianta Pedro Pedrosa, consciente que o investimento será na ordem dos 300 mil euros e é preciso encontrar verbas para financiar a obra.

Para os dois clubes, a época 2016/2017 pode ser histórica. Não somente pelos títulos que possam conquistar mas pelo salto qualitativo que estão prestes a dar, em nome da prática desportiva.

Marina Guerra – Região de Leiria