Antes de o coronavírus ter chegado a Portugal e forçado a população ao isolamento social, já o plantel do Caldas tinha um grupo no WhatsApp, onde os jogadores comunicavam uns com os horas fora dos horários dos treinos. Aquela aplicação de comunicação ganhou maior importância no seio do grupo de trabalho dos alvinegros após ter sido decretado o confinamento. Até aqui nada de novo. É mesmo para isso que serve esta aplicação, para que amigos, familiares, colegas de trabalho, possam trocar mensagens, muitas vezes em grupo. “Quando começou esta situação da pandemia, muitos amigos me ligavam e perguntavam que peixe fresco tinha em armazém e se podiam ir buscar”, conta Luís Farinha. E foi assim que os jogadores, treinadores e dirigentes começaram a fazer compras uns aos outros.
“Comecei a pensar na possibilidade de fazer entregas ao domicílio e juntei um grupinho no Facebook, de jogadores e directores e partilho o peixe que tenho diariamente”, conta o esquerdino.
Os negócios são feitos pela empresa Pescados Roque, Lda, que tem actividade no Porto de Pesca de Peniche, que é gerida pelo pai do ala do Caldas. Antes deste período de estado de emergência, a empresa fazia tinha como principais clientes os restaurantes e hipermercados, mas o encerramento dos restaurantes fez o volume de negócios decrescer de forma drástica, observa Luís Farinha.
Actualmente, quase todos os elementos do grupo que residem na região fazem compras. O que compram mais são carapaus, polvo, pescadas, robalos, “mas temos trazido um pouco de tudo”. “São todos muito diversificados nos pedidos que fazem”, exclama Luís Farinha.
O jogador, que é o quinto mais utilizado pelo técnico José Vala nesta época, vem às Caldas uma vez por semana fazer as entregas e também aceita encomendas fora do grupo alvinegro.
A Luís Farinha, juntou-se o médio André Santos, cuja mãe tem uma banca de frutas e legumes. O jogador também começou a aceitar encomendas dos colegas e a fazer as entregas ao domicílio.
José Vala, treinador da equipa, é um dos clientes dos dois jogadores. Mas os fornecedores do grupo não se ficam por aqui. Também há carne, o que permite aos elementos do grupo garantir refeições completas sem sair de casa. O dirigente Pedro Creio fornece carne de bovino e carnes brancas. E, Pedro Alves, director da equipa B, faz entregas de carne de porco.
“No início era um ou dois a comprar, agora é uma série de gente”, exclama o técnico.
José Vala diz que, além de permitir manter o contacto entre os elementos que compõem o grupo de trabalho, e de ajudar os colegas que têm os negócios, a iniciativa também é útil para quem compra. “Minimiza a necessidade de ir ao supermercado, que é das tarefas que geram maior stress nestes dias, pelos riscos de contágio que ali existem”, afirma.
José Vala considera que as redes sociais são um bom meio de o grupo continuar a interagir nesta fase de confinamento. Só na segunda semana o grupo, que era exclusivo dos jogadores, foi aberto a dirigentes e treinadores do clube, por iniciativa dos capitães.
“É uma forma de estarmos sempre em contacto. Na primeira semana liguei a todos para saber como estavam. Nem era a parte do treino a minha preocupação – cada um tem o seu plano individual criado pelo Tiago Gonçalves [o preparador físico da equipa] -, mas sim saber como estavam”, realça o técnico.
José Vala diz que o grupo está tranquilo e a reagir bem à ansiedade que esta fase pode provocar e elogia o papel que a direcção tem ao garantir a estabilidade dos jogadores.

Joel Ribeiro – Gazeta das Caldas