A temporada 2019/2020 fica marcada pelo cancelamento dos campeonatos distritais devido à Covid-19. Ao REGIÃO DE CISTER, o presidente da Associação de Futebol de Leiria explica o impacto que a pandemia teve nos clubes e na competição, antevendo o regresso à nova normalidade.

REGIÃO DE CISTER (RC) > Já há data para o regresso das competições?
Manuel Nunes (MN) > A Associação de Futebol de Leiria está a seguir as normas da Federação Portuguesa de Futebol e só vai avançar para as datas de regresso quando estiverem reunidas todas as condições impostas pela Direção Geral de Saúde.

RC > Algumas associações distritais estão a implementar subidas de divisão e alargamento dos campeonatos. É um cenário em cima da mesa na AFL?
MN > Assim como a FPF, a AF Leiria decidiu cancelar os campeonatos e não aplicar regimes de subidas e descidas porque não haveria verdade desportiva. Ainda faltavam cumprir-se algumas jornadas e não seria justo atribuir vencedores ou descidas de divisão precocemente.

RC > Mas há clubes, como o Bombarralense, que vão subir à Divisão de Honra Lizsport…
MN > São casos excecionais em que há equipas do distrito que foram convidadas a participar nas competições nacionais. Desta forma, as vagas são ocupadas pelas equipas com o melhor coeficiente de pontos nas divisões inferiores. Uma vez que o GRAP aceitou o convite para integrar o Campeonato de Portugal, a vaga terá de ser ocupada por uma equipa da 1.ª distrital. Foi feita uma proposta de reajustamento que não alterou os critérios de desempate e neste sentido o Bombarralense poderá vir a subir de divisão por ser a equipa com melhor coeficiente de pontos na Desportiva 1.ª Divisão distrital. No futsal a situação é idêntica caso se confirme a inscrição do NS Pombal na 2.ª Divisão nacional.

RC > Desta forma, os juniores do Nazarenos também sobem à Divisão de Honra…
MN > Os critérios são claros e face à desistência de uma equipa no escalão principal justifica-se a subida de outra. Se a equipa tem o melhor coeficiente na 1.ª Divisão distrital vamos dar cumprimento ao que está estabelecido nos regulamentos.

RC > Que medidas estão a ser estudadas para apoiar os clubes para a próxima temporada?
MN > A AFL recebeu um empréstimo de 90 mil euros da Federação Portuguesa que vão ser aplicados de forma idêntica a todos os clubes do distrito. A estratégia passa por subtrair esse valor no pagamento das inscrições de jogadores na próxima época, reduzindo o custo de inscrições aos clubes. Da mesma forma estamos a preparar uma carta aos municípios para que possam fazer um financiamento extraordinário às entidades desportivas que permita a continuidade da prática desportiva federada.

RC > Já houves clubes a desistir das competições federadas?
MN > Oficialmente não. Há sim a preocupação com o futuro financeiro dos clubes, dado que a grande maioria deles é financiado pelos patrocinadores. As empresas dos ramos da construção civil, da restauração, entre outros, foram fortemente afetadas por esta pandemia e por isso muitos clubes questionam a possibilidade de continuarem a formar jovens jogadores e a potenciar outros. Não se avizinham tempos fáceis.

RC > O impacto da pandemia vai acelerar a aposta dos clubes nos jogadores formados localmente…
MN > Tenho essa convicção. Com as dificuldades financeiras que se já se fazem sentir, os clubes vão ficar obrigados a recrutar dentro de portas e a potenciar os seus jovens para mais tarde também serem opções nas equipas seniores. A aposta passa pelos jogadores formados localmente e acredito que no futuro muitas equipas vão beneficiar com isso. Talvez haja até muito bons jogadores ou jogadoras a jogarem menos minutos porque há muita escolha.

RC > Como antevê o regresso aos treinos e à competição?
MN > Neste momento já há clubes a fazer treinos ao ar livre cumprindo as normas de segurança, embora seja uma fase muito primordial do regresso. Os exercícios são individuais e para manter a forma física dos atletas. Os espaços desportivos certamente vão sofrer alterações, nomeadamente no horário de treinos, e no caso do futsal é necessário ter em conta as outras modalidades que também utilizam as mesmas infraestruturas. Numa fase inicial recomendar-se-á aos atletas que não utilizem os balneários e que haja um maior controlo da limpeza e higienização dos espaços entre cada sessão de treino.

RC > Ainda existe a possibilidade de cumprir a época de futebol de praia?
MN > É uma possibilidade, mas teremos que aguardar indicações da Direção Geral de Saúde, do Governo e da FPF. A compatibilidade com os campeonatos de futebol também é um tema que estamos a analisar.

RC > Os concelhos de Alcobaça e da Nazaré já têm três equipas certificadas com a Bandeira da Ética (Ginásio, Alfeizerense e Sótão). É um selo de qualidade…
MN > Naturalmente, é uma certificação em que cada vez mais clubes estão a apostar. Um clube que garante a certificação cumprindo uma série de requisitos está mais apto a receber jovens talentos e tem uma vantagem relativamente aos outros clubes que não têm. Um encarregado de educação que esteja recetivo entre dois clubes tem neste certificado mais um importante critério de escolha. A Associação de Futebol de Leiria tem mais de meia centena de clubes certificados, o que nos motiva mas também obriga a querer que mais clubes reúnam todas as condições para obter a Bandeira da Ética. Na temporada 2019/2020 houve mais 200 clubes certificados, o que demonstra a importância deste projeto junto dos agentes desportivos e dos clubes.

RC > Vê nesta região de Cister (Alcobaça, Nazaré e Porto de Mós) uma das referências da AF Leiria?
MN > Pelo histórico nas competições da AF Leiria é notório. Apesar de Leiria, Caldas da Rainha e Pombal terem uma forte presença nas competições distritais, não é demais recordar estes três concelhos. O Ginásio com uma história muito rica, por exemplo, e também por algumas das maiores rivalidades do distrito acontecerem entre alcobacense e nazarenos. O contributo destes três concelhos na dinamização do futebol distrital tem sido muito relevante e no futebol de praia não podemos esquecer a aposta do município da Nazaré. A vila é um dos pontos privilegiados da modalidade e prova disso é ser uma das referências para a organização de provas europeias.

Rafael Raimundo – Região de Cister