FDL – Sendo conhecido o desinvestimento feito nos últimos anos, e algumas dificuldades em conseguir plantéis competitivos, o que te levou a aceitar o convite do CC Ansião para assumires a equipa sénior e quais eram as expectativas?
Toni – A principal razão que me levou a aceitar o convite para treinar os seniores do CCA foi que no ano anterior estive a treinar a equipa de juniores e ficou bem delineado na altura, assumirmos entre nós, treinadores e a equipa, que se subíssemos de divisão, continuaríamos no ano seguinte nos seniores. Conseguimos subir de divisão e assim continuamos nos seniores com a maioria dos jogadores do ano anterior.
As expectativas eram de continuar o trabalho feito na base, criar uma estrutura que permitisse a breve prazo cimentar a evolução destes jogadores neste contexto, até porque alguns deles já vinham a trabalhar comigo já há 4 ou 5 anos na formação. Infelizmente, a estrutura nunca foi criada, o apoio foi deficitário e as condições de trabalho muito desfavoráveis
FDL – – Acabas por ficar num 10ºlugar, num campeonato reconhecido por todos como bastante competitivo. Que opinião te deixa a classificação final que conseguiste?
Toni – Quanto à classificação, acaba por ser a melhor possível, agradou-me sobretudo a evolução dos jogadores, e da equipa no seu todo, sendo que depois de fazermos uma primeira volta com apenas 12 pontos, foi colocado o desafio ao grupo de dobrar a pontuação na segunda volta. Como disse e bem, o campeonato era bastante competitivo, valorizando ainda mais o trabalho desenvolvido e a receptividade demonstrada pelos jogadores para evoluir foi muito boa. Na segunda volta fizemos 25 pontos o que me deixa bastante satisfeito.
FDL – – O GD Ilha conseguiu a subida de divisão, num campeonato decidido nas últimas jornadas, e onde as Meirinhas ficaram no 2ºlugar, mas mesmo assim não conseguiram a subida de divisão. Concordas que estas foram as melhores equipas do campeonato? E quanto ao modelo, não seria mais justo um jogo decisivo entre os segundos classificados de cada série e não este sistema de coeficiente?
Toni – É sempre difícil determinar quais foram as melhores equipas do campeonato, para isso teríamos de avaliar os contextos de cada uma, ao nível das condições de treino, qualidade dos jogadores, futebol apresentado e a consistência apresentada ao longo da época ao nível dos resultados. Por isso considero que as melhores equipas, foram as equipas que conseguiram pontuar mais, afinal de contas quem pontua mais é quem ganha campeonatos e consegue subir de divisão, mas isto seria uma longa dissertação. Resumindo, sim, para mim foram as equipas mais fortes e as melhores.
Quanto ao modelo, todos sabíamos, após a desistência de equipas na série sul que seria aplicado este modelo, as equipas com ambição a subir de divisão sabiam que teriam de pontuar mais na nossa série para ultrapassar o segundo classificado da outra série. Não concordo com o modelo, e não é pelo facto de na série norte haver mais competitividade, mas sim pelo facto de ser mais justo na minha opinião, dar oportunidade de, a duas mãos, verificar quem realmente seria o mais forte segundo classificado das duas séries. Mas como disse, as regras estavam delineadas desde o início.
FDL – Muito se fala na arbitragem, quer a nível distrital, quer nacional. Que te pareceu este ano?
Toni – Quanto à arbitragem, vi o 8, e vi o 80, vi excelentes arbitragens, e vi também arbitragens no mínimo caricatas e falo no contexto distrital porque não acho justo comparar o contexto distrital com o contexto nacional. Aquilo que me pareceu, e atenção, eu não ligo muito a essas coisas da arbitragem porque muito se falou acerca de não haver árbitros para fazer todos os jogos ao fim de semana, foi talvez uma falta de acompanhamento das arbitragens, mais observação dos árbitros nos jogos, talvez falte isso. Com isto não estou a dizer que os árbitros sejam pressionados pelos observadores, mas sim que fosse feito um acompanhamento mais próximo para avaliar o seu desempenho e assim poderem evoluir. Como disse acima, aquilo que me apercebi é que vai do 8 ao 80, existem equipas de arbitragem boas a este nível no nosso distrito.
FDL – – E quanto ao futuro, vais continuar no comando técnico do Ansião, ou vais abraçar outro projecto?
Toni – Como é do conhecimento geral, não irei continuar no comando técnico do CCA, pelo que desejo ao próximo treinador as maiores felicidades e que a minha passagem pelo clube, tenha pelo menos servido para chamar a atenção para a necessidade de melhorar muitos aspetos importantes, principalmente ao nível da estrutura de apoio à equipa sénior.
Quanto aos meus “meninos”, que continuem a dignificar o CCA, que lhes deu a oportunidade única de desenvolver a prática do futebol e que continuem a mostrar a qualidade que têm. Como muitas vezes vos disse, eu só vos ensinei a voar, agora o caminho é feito por cada um. Estava na altura de sair do ninho e traçar o vosso caminho.
Quanto a continuar a treinar, irei continuar, apesar de não terem ainda surgido propostas que me agradassem para continuar o meu percurso.
Quero agradecer ao “Futebol Distrital de Leiria” pela oportunidade que me deu para conversar, sobretudo de futebol. Bem hajam pelo trabalho que desenvolvem em prol do desporto no nosso distrito.