O investimento necessário para reconstruir o Estádio Municipal dr. Magalhães Pessoa para o Euro’2004 traumatizou Leiria, defende o presidente da Câmara, Gonçalo Lopes, que, contudo, acredita que a infraestrutura tem, duas décadas depois, “condições excecionais de afirmação”.
Segundo dados de uma auditoria do Tribunal de Contas (TdC), a remodelação do Estádio Municipal de Leiria custou mais de 53 milhões de euros (ME), fatura que sobe para 83 ME quando contabilizados os gastos com estacionamentos, acessibilidades e outros investimentos.
Só se mantém porque, como outros em Portugal, é “um daqueles estádios que têm uma dimensão pública associada”.
Por tudo isto, o presidente da Câmara considera que “a maioria dos leirienses acha que o estádio de Leiria foi um investimento público que trouxe consequências àquilo que eram os investimentos que Leiria deveria ter tido nos anos a seguir”. Mas, relembra, “antes de ele ser feito, foi reclamado como uma grande prioridade”.
Propostas como a demolição ou venda – a hasta pública lançada em 2011 ficou deserta – foram esquecidas e agora, quase pago, “não se equaciona outro destino que não seja tirar o máximo proveito dele”. Mesmo assumindo que é “um desafio grande tornar esta infraestrutura útil”.
No “campeonato” dos estádios Euro2004, comparando com Algarve, Aveiro, “ou mesmo o de Coimbra”, Leiria apresenta “condições excecionais de afirmação”, porque “tem a Taça da Liga”, que lá se disputa desde 2021, e “mantém o funcionamento regular com o atletismo e o futebol”.
Além disso, há um novo investimento a avançar no topo norte, que está por concluir há mais de duas décadas: a primeira fase de um investimento de 3,4 ME para instalação dos serviços locais e distritais da Autoridade Tributária e Aduaneira.
Posteriormente, o município quer criar condições para a atividade empresarial e educativa ligada ao ramo digital se instalar no topo norte, num plano para criar “uma nova centralidade na cidade de Leiria”, que inclui a transferência do terminal rodoviário para a zona.
O presidente da Câmara acredita que, no Estádio de Leiria, “os momentos mais difíceis foram ultrapassados”.
“Podemos sentir orgulho em termos um estádio que tem a qualidade suficiente para receber competições, mantivemos o nosso projeto desportivo intacto – e agora em crescimento -, aguentámos as piores fases do futebol na região, quando o União de Leiria desceu de divisão”, recorda.
Leiria até podia ter “desistido deste equipamento”, mas o Estádio transformou-se, 20 anos depois do Euro2004, “exemplo de boa prática no que diz respeito a receber a Taça da Liga” e “referência em termos de eventos desportivos, que tem impactos positivos na economia local”.

Por Lusa