A UD Leiria poderá receber na próxima época um contingente alargado de jogadores provenientes da Escola Academia do Sporting (EAS) da Marinha Grande, nos mais diversos escalões. Ao que o Diário de Leiria conseguiu apurar, serão mais de 30 os atletas da EAS que terão mostrado interesse em usar o castelo de Leiria ao peito na temporada 2018/19.
Em causa está o facto de o projecto da EAS Marinha Grande, tal como a conhecemos, ter chegado ao fim, através da criação de uma parceria estratégica com o AC Marinhense que visa construir um projecto único de formação na próxima época. “Esta parceria consiste em criar uma única estrutura de futebol de formação que permita a optimização de recursos e que possibilite a criação de equipas mais competitivas com base na gestão integrada de todos os atletas, técnicos, espaços de treino, etc. Permanecerão activas duas entidades, mas com uma gestão integrada e unificada, por forma a possibilitar a participação nos campeonatos nacionais e distritais por mais do que uma equipa”, informou o AC Marinhense aquando da apresentação pública da parceria.
O problema é que alguns atletas e respectivos pais não ficaram agradados com esta parceria e criação da Academia AC Marinhense, pelo que pretendem rumar a outras paragens, com a UD Leiria a ser um dos clubes mais beneficiados.
“Temos tido vários atletas da EAS Marinha Grande a mostrarem interesse em representar a UD Leiria. Como é óbvio, o clube tem interesse em jogadores com qualidade pelo que serão sempre bem-vindos”, vincou o presidente da UD Leiria, Nuno Cardoso, sem precisar quantos atletas poderão ‘reforçar’ o emblema do Lis na próxima época.
Recorde-se que a EAS Marinha Grande tem feito nos últimos anos um trabalho de excelência na formação, colocando as suas equipas de iniciados e juvenis nos campeonatos nacionais, para além de ter conquistado vários troféus a nível distrital.
Por isso mesmo, Nuno Cardoso lamenta o fim da EAS Marinha Grande. “À UD Leiria interessa que haja no distrito vários clubes formadores de qualidade e equipas competitivas. Isso é que interessa. Somos contra a ‘eucaliptização’ do futebol e o que aconteceu com a EAS deve merecer uma reflexão profunda por parte parte de todos, inclusivamente da Associação de Futebol de Leiria”, sublinhou.

AC Marinhense quer ser ressarcido
Quem fica a perder com esta ‘diáspora’ de atletas da EAS Marinha Grande para a UD Leiria é o AC Marinhense, clube que criou um novo projecto/academia através da parceria com o emblema leonino. Contudo, o emblema vidreiro diz que quererá ser ressarcido.
Em causa está o facto de existir um mecanismo de compensação por transferência entre clubes nacionais nos escalões de futebol de formação, mesmo a nível distrital, numa medida implementada pela Federação Portuguesa de Futebol (FPF). Na prática a mudança de clube de qualquer jogador inscrito na época anterior (2017/18) poderá resultar num custo a suportar pelo clube que o irá acolher na nova época (2018/19).
De uma forma simplificada, poderá haver a obrigatoriedade do pagamento de um valor aquando da transferência de um jogador entre clubes, sendo que o remanescente do valor base, 37,50 euros, reverterá para o clube do qual o jogador é proveniente e que é apurado com base em coeficientes variáveis. Ou seja, quanto maior for o número de jogadores a transitar do clube A para o clube B, maior é o valor a pagar.
Neste caso, e segundo dados que o Diário de Leiria apurou, a UD Leiria poderá ter que ressarcir a EAS Marinha Grande em mais de dois mil euros, caso se confirme a mudança de clube.
“Os atletas são livres e podem jogar onde quiserem, mas nós vamos fazer valer os nossos direitos pelas transferências. Poderão ser valores elevados, mas cabe aos clubes que recebam os atletas fazerem essa análise”, garantiu o vice-presidente para o futebol de formação do AC Marinhense, João Mendes.
Segundo o responsável, e um dos mentores no novo projecto da Academia AC Marinhense, a medida criada pela FPF [quotas de transferências] visa “defender os clubes pequenos” para evitar que um clube leve “uma equipa inteira”. “Não faz sentido um clube estar vários anos a formar um grupo de atletas para depois perder tudo e não ser ressarcido”, concluiu.
Ao que o Diário de Leiria conseguiu apurar, até ao momento, são dois os atletas da EAS Marinha Grande que deverão rumar à UD Leiria no escalão de juniores, seis em juvenis, quatro em iniciados e cerca de 20 atletas dos restantes escalões do futebol jovem.|

Texto: José Roque – Diário de Leiria
Foto: Ricardo Machado