A UD Serra consumou no passado domingo a descida aos campeonatos distritais ao perder por 3-1 no terreno do Pêro Pinheiro. A uma jornada do final do Campeonato de Portugal (CP) a turma de Santa Catarina da Serra (concelho de Leiria) deixou de ter possibilidades matemáticas de assegurar a manutenção, descendo de escalão um ano depois de se ter sagrado campeã distrital.
Após o apito final do jogo de domingo, o sentimento reinante no balneário da UD Serra era de “frustração”, ainda para mais num jogo em que os serranos estiveram em vantagem, mas tal como aconteceu em muitos outros jogos, os últimos minutos mostraram-se fatais.
“Sabíamos que seria uma tarefa muito difícil e complicada garantir a manutenção tendo em conta que a direção do clube sempre assumiu que não teria capacidade de investimento. Ainda assim, aceitámos o desafio num campeonato muito difícil em que 40% das equipas descem de divisão”, resumiu o treinador da UD Serra, Nuno Kata.
Para o responsável, apesar do dissabor da descida, fica a boa imagem deixada pelo clube ao longo da temporada. “Dentro das possibilidades do clube praticámos um bom futebol, positivo e com qualidade, mesmo tendo um plantel curto e com jogadores com pouca experiência de CP”, vincou.
Nuno Kata enalteceu ainda o papel dos dirigentes da UD Serra que “tudo fizeram” para que as coisas corressem pelo melhor, ficando agora a experiência adquirida para um futuro próximo. “O clube não estava estruturado para subir de divisão, mas a verdade é que se o campeonato se disputasse em moldes diferentes, ou seja, com a descida de três equipas em cada série, teríamos conseguido o objetivo”, recordou o técnico, destacando ainda que há “uma grande diferença” entre os campeonatos distritais e o Campeonato de Portugal.
Questionado sobre o facto de a equipa ter deixado fugir a vitória em diversos jogos nos últimos minutos, o técnico serrano diz que isso foi uma consequência natural do contexto que o clube vive. “Não podemos esquecer que nós treinamos em apenas meio-campo. Temos um plantel muito desequilibrado, sofremos algumas lesões que nos condicionaram, temos vários jogadores jovens e sem experiência de provas nacionais e isso tudo reflete-se em campo. Os jogadores deram tudo e não me canso de os enaltecer, mas sofrer golos nos últimos minutos não é azar, é uma consequência”, sublinhou Nuno Kata, acrescentando que não tinha opções para “refrescar a equipa” ou “dar maior poder de fogo”.
Apesar de tudo, o técnico retém um fator que o impressionou, nomeadamente o apoio dos adeptos da UD Serra que foram “incansáveis” no apoio à equipa, tanto nos jogos em casa como fora de portas, como aconteceu no passado domingo em que, impossibilitados de assistir à partida por a mesma se realizar à porta fechada, dezenas de adeptos montaram uma pequena estrutura e assistiram à partida, apoiando a equipa do primeiro ao último minuto.
“Os adeptos foram uma coisa incrível. Foi fantástico o apoio deles ao longo da época”, confessou Nuno Kata.
Pela frente, a UD Serra tem ainda o jogo diante do Loures que servirá apenas para cumprir calendário. Ainda assim, há objetivos para cumprir. “Queremos chegar aos 30 pontos”, disse Nuno Kata, admitindo que aproveitará o último jogo para ‘rodar’ alguns jogadores menos utilizados ao longo da temporada: “É um prémio pela dedicação”.
Em relação ao futuro, Nuno Kata deixa a porta aberta a qualquer cenário, garantindo já ter sido convidado a continuar ao leme da equipa na próxima época. Ainda assim, o técnico diz que vai ponderar. “As pessoas estão contentes com o meu trabalho e têm interesse que eu continue, mas para isso acontecer algumas coisas terão que mudar e terão que ser dadas algumas garantias”, concluiu.|

Texto: José Roque – Diário de Leiria
Foto: DR